Bolsonaro é preso preventivamente em Brasília após suspeita de plano de fuga

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado (22), em Brasília, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atender a um pedido da Polícia Federal. A decisão aponta violação da tornozeleira eletrônica e risco de fuga.

A prisão não tem relação com a condenação de 27 anos por tentativa de golpe, que ainda está em fase de recursos.

Moraes afirmou que a tornozeleira de Bolsonaro foi violada por volta da meia-noite, sugerindo movimentação atípica e tentativa de burlar o monitoramento. Segundo o ministro, o cenário reforçou o risco de fuga, já investigado pela PF desde agosto.

O ministro também destacou a convocação de uma vigília feita pelo senador Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio onde o pai cumpre prisão domiciliar. Para Moraes, o ato reproduz o “modus operandi” de ações anteriores da organização criminosa investigada, criando tumulto para favorecer manobras ilegais.

Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, submetido a monitoramento eletrônico e restrições de deslocamento. A PF afirma que o ex-presidente vinha descumprindo medidas cautelares desde então, o que abriu caminho para o pedido de prisão preventiva.

A detenção ocorreu por volta das 6h. Segundo agentes, Bolsonaro reagiu com calma. Ele foi levado inicialmente à sede da PF em Brasília e, depois dos trâmites formais, transferido para a Superintendência no Distrito Federal, onde ficará em uma “Sala de Estado” — espaço reservado para autoridades, similar ao usado por Lula em Curitiba entre 2018 e 2019.

Na decisão, Moraes citou ainda episódios envolvendo aliados próximos: Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro teriam deixado o país para evitar medidas judiciais, o que, segundo ele, reforça o risco de fuga do ex-presidente. O ministro também lembrou que Bolsonaro, em ocasião anterior, chegou a discutir uma possível ida à Embaixada da Argentina para pedir asilo.

A condenação de 27 anos e 3 meses — por tentativa de golpe e outros quatro crimes — segue pendente de julgamento definitivo e, portanto, não tem relação direta com a prisão deste sábado. O caso ainda está em fase de recursos apresentados pela defesa.

Na sexta-feira (21), os advogados do ex-presidente haviam pedido que Moraes substituísse o regime inicial fechado por prisão domiciliar humanitária, alegando que Bolsonaro enfrenta “quadro clínico grave” e múltiplas comorbidades. Eles afirmam que uma eventual transferência ao sistema prisional representaria risco à vida do ex-presidente.

Bolsonaro deve passar por audiência de custódia neste domingo (23), quando a Justiça definirá os próximos passos do processo.

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