Conheça as razões pelas quais não é aconselhável alimentar saguis

Foto:Cortesia.

Embora pareça inofensivo, oferecer comida a esses animais pode desregular todo o ecossistema do qual ele faz parte

Os saguis-do-nordeste (Callithrix jacchus) vivem em bandos nos biomas de Mata Atlântica e Caatinga. Entretanto, a diminuição do seu habitat natural, como consequência da expansão das áreas urbanas, fez com que esses mamíferos se adaptassem às cidades, levando-os a interações com seres humanos.

Devido à sua aparência dócil, os saguis despertam o interesse das pessoas, que chegam a lhes oferecer alimento. No entanto, eles são animais silvestres e o contato desnecessário com humanos pode trazer consequências negativas para a espécie.

Segundo o técnico do Parque Estadual Dois Irmãos, Leonardo Melo, o ato de alimentar saguis desencadeia uma série de desajustes em seus hábitos naturais. Por exemplo, a dieta dessa espécie é composta por pequenos vertebrados, ovos e frutas. Contudo, ao deixarem de comer frutas, a dispersão de sementes na natureza diminui e, se não comem insetos, podem desregular a população de outras espécies.

Além disso, muitos alimentos oferecidos a esses animais são industrializados, cheios de açúcares, que podem levar ao sobrepeso, surgimento de cáries e até a diabetes. Os problemas gerados pela alimentação se somam aos perigos do meio urbano, como os riscos de atropelamento ou choques elétricos.

Ainda há doenças que para os humanos são inofensivas, mas para essa espécie podem ser fatais. Um exemplo é a herpes. Ao contrair essa doença, o sagui pode infectar todo o bando e o grupo pode ser rapidamente dizimado.

De igual forma, os saguis também podem transmitir doenças e causar acidentes aos seres humanos. Esses animais são territorialistas e existe a possibilidade de todo o grupo reagir se uma pessoa tentar contato com algum dos integrantes.

O contato entre humanos e saguis, aparentemente inofensivos, é capaz de gerar uma sequência de prejuízos. Por essa razão, o Parque Estadual de Dois Irmãos proíbe que seus visitantes ofereçam lanches aos animais e orienta que observem os saguis à distância. Assim, possibilita que esses indivíduos expressem seus comportamentos naturais e o público aprenda sobre eles.

“Embora os saguis-do-nordeste despertem a nossa atenção e curiosidade, avistá-los no tecido urbano – praças, parques e algumas vezes em nosso quintal – significa que estamos diante de um animal persistente em existir. O seu ambiente foi alterado e resta a eles a condição de habitar entre nós humanos e todo tipo de sorte que essa realidade possa lhe oferecer. Parafraseando o trecho de uma canção, ao avistar um sagui, ’ame-o e deixe-o livre’. Se você estiver no seu tempinho de lazer, visitando o Parque, apenas observe-o. Não tente interação de qualquer tipo, não o alimente. Deixe-o seguir”, pediu Leonardo Melo.

O apelo de Leonardo, assim como do Parque Dois Irmãos, é voltado para a Educação Ambiental. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância de conservar a fauna local. É fundamental as pessoas compreenderem que alimentar animais silvestres pode causar desequilíbrio nos ecossistemas. Quando um animal vive em áreas urbanas, é porque ele já perdeu parte de seu habitat natural e teve que se adaptar a essa nova realidade. Como resultado, seu papel na natureza pode ser afetado e todo o ecossistema sofre com essa mudança.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *