O subtenente da Polícia Militar de Pernambuco, Luciano Valério de Moura, de 49 anos, se entregou e está preso no Centro de Reeducação da PM, em Abreu e Lima. Ele é acusado de estuprar uma mulher de 48 anos dentro de um posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, durante uma blitz no dia 10 de outubro.

A advogada da vítima informou que o policial será ouvido novamente nesta sexta-feira (17), às 16h, e que o laudo da perícia deve ser concluído na próxima semana. Segundo ela, não será necessário realizar um novo reconhecimento formal, já que a vítima identificou o acusado por fotografia logo após registrar a denúncia.
Luciano Valério se apresentou voluntariamente na quarta-feira (15), acompanhado de um advogado. Ele nega o crime e diz nunca ter tido contato sexual com a vítima. A defesa alega que o local do suposto abuso tem paredes de vidro e seria facilmente visível por outros agentes.

O policial entregou o celular às autoridades e afirmou estar disposto a colaborar com a investigação, inclusive fornecendo material genético. Se condenado, pode ser expulso dos quadros da Polícia Militar de Pernambuco.
Relato da mulher
“Quando eu desci do carro, ele me chamou até lá o posto policial, eu fui acompanhando ele, lá sentamos do lado de fora, tinha mais dois policiais sentados assim do lado e ele começou a me indagar sobre minha profissão, sobre onde eu morava, para onde eu estava ainda. Disse que o carro ia ficar apreendido e que estava com multa”, declarou.
Ela relatou ter ligado para a pessoa que vendeu o carro e pediu ajuda. O homem, segundo ela, disse que não “resolveria nada” no fim de semana.
No relato, ela acrescenta que o celular estava no viva-voz e o policial ouviu toda a conversa. “Após pegar algumas informações minhas, ele tirou foto da minha CNH e do documento do carro”. Nesse momento, o agressor teria dito aos colegas: “Ela vai ali beber água”. A mulher relatou que não pediu água e estava muito nervosa.
“Ele me direcionou para entrar na parte interna do prédio. Chegando lá, tinha um quarto, dois beliches, ele pediu para eu entrar, lá ele apagou a luz e começaram os abusos”, afirmou.
“Ao terminar, ele me deu uma toalha que estava em cima do beliche, pediu para limpar a boca”, acrescentou.
Em seguida, a mulher disse ter saído “bebendo a água e em direção ao carro, de cabeça baixa.”
“Já não olhei para os policiais que estavam do lado, segui para o carro, muito nervosa, não comuniquei a ninguém que estava no carro que tinha acontecido”, declarou. .
No dia seguinte, a mulher foi trabalhar. “Eu passei 12 horas de plantão e à noite eu tomei coragem de procurar a delegada da Mulher do Cabo. Quando eu comuniquei a outras pessoas, consegui uma rede de apoio que me direcionou, me apoiou ontem o dia inteiro”, explicou.
Versão do acusado
Em depoimento, o subtenente negou a acusação e afirmou que “nunca manteve qualquer contato sexual com a vítima”. Disse ser casado, pai de dois filhos e que não teria motivo para se envolver com outra mulher. Relatou ainda que, durante a blitz, outros veículos estavam sendo fiscalizados e que os motoristas poderiam servir como testemunhas.
Valério contou que, após constatar que o carro da mulher estava com o licenciamento atrasado, tentou acessar o sistema para aplicar a multa, mas não conseguiu por estar sem o celular funcional. Segundo o depoimento, a vítima fez uma ligação em viva voz para o antigo proprietário do veículo, que teria reagido de forma grosseira. O policial afirmou que decidiu não apreender o carro “por ser tarde da noite” e por considerar a situação delicada.
O militar declarou também que a mulher ficou abalada e pediu um copo de água. Ele disse tê-la acompanhado até a recepção do posto, onde havia um bebedouro, e negou qualquer ato de violência. Em seu relato, afirmou que a vítima agradeceu pela compreensão e chegou a oferecer o contato pessoal, dizendo ter uma casa em Gaibu disponível para aluguel.